segunda-feira, 19 de julho de 2010

Fé no espiritismo





Reencarnação

Um menino com nome de anjo e uma história incomum. Seria o estudante Gabriel Falcão o espírito de um tio, que nem chegou a conhecer este mundo? Ele é filho do escritor Waldemar Falcão e neto da corretora de imóveis Nélia Campello Falcão. Quando estava para nascer, uma médium fez uma revelação intrigante: a chegada do menino seria o retorno de um filho que dona Nélia, a avó, perdeu no passado.

"Este filho que você não teve está voltando como seu neto. E preste atenção: quando ele nascer, vai ter olhos muito bonitos, para compensar os olhos que ele perdeu quando você pegou sarampo", conta Waldemar.

A médium não sabia nada da vida de dona Nélia, mas acertou em cheio. Nos anos 50, ela teve sarampo durante uma gravidez e acabou sofrendo um aborto. E o que dizer dos olhos de Gabriel?

A crença de que ele é a reencarnação do espírito daquele bebê consola e reforça os laços da família com o espiritismo.

"Um dia por mês fazemos uma oração para nossos ancestrais, porque nós esquecemos que viemos deles", diz dona Nélia. Ela lembra o dia em que a vidente a chamou: "Foi uma euforia, porque meu filho havia voltado".

"Eu acredito nisso piamente porque sou espiritualista. Essa informação veio de uma forma completamente espontânea, sem que fôssemos especular ou buscar", conta Waldemar.

Desde pequeno, Gabriel se acostumou a ouvir que seria neto e, ao mesmo tempo, filho da avó – filho e também e irmão do próprio pai.

"Eu acredito totalmente. É extraordinário, mas é verdade. Pode acontecer, e aconteceu", comenta Gabriel.

O Espiritismo e a Fé



Otaviano Pereira da Neves(*)

"Fé inabalável só é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da humanidade"
Allan Kardec.

A Doutrina Espírita apresenta uma nova maneira de ver a Fé. Este é um ponto que julgamos importante, pois enquanto as religiões procuram manipular as consciências, incutindo idéias de medo, impondo comportamentos, reduzindo consideravelmente o livre arbítrio, o Espiritismo deixa o pensamento fluir livremente, o mais natural possível para que o indivíduo possa demonstrar toda sua identidade e autenticidade.

A Fé raciocinada deixa de possuir conotação de algo obtido por uma graça, por um mistério que não pode ser explicado. Ela, portanto, difere de tudo o que caracteriza a Fé religiosa, porque baseia-se na busca do entendimento e do discernimento. A Fé religiosa firma-se nos dogmas que definem as religiões. A Fé Espírita usa a razão e, por isto, pode criticar e examinar o objeto da Fé.

Há uma lucidez maior dos conhecimentos adquiridos e uma melhor captação de conhecimentos novos. A Fé Espírita é efeito e não causa. O indivíduo que a possui já experienciou no passado no passado vivências, aprendizados, etc. que hoje lhe transmitem toda uma certeza e confiança. Há uma visão global, holística, das coisas; ou, porque não dizer, uma visão "guestaltica" do todo.

Para que se obtenha esta compreensão geral, aumentando-a paulatinamente, torna-se necessário que a nossa inteligência esteja ativa, para podermos exercitá-la através da vontade. Com a inteligência teremos facilidade de adquirir conhecimentos novos e tornar presente ou consciente os já adquiridos. Estes, serão sempre assoalho para o apoio de novas informações; assim, o poder de análise e de síntese vai crescendo de forma que a cada passo o indivíduo tenha nova compreensão, novos "insights", ou lampejos cada vez mais claros.

Assim é a Fé Espírita, com características próprias e especiais, que a diferencia de qualquer outra Fé. A Fé Espírita não é reducionista, não bloqueia a vontade nem a expressão do ser humano; ao contrário, amplia a vontade e a capacidade de expressão. O indivíduo fica livre para a escolha e com menos possibilidades de ser manobrado ou manipulado.

Daí Allan Kardec dizer que a Fé Espírita "não pode ser prescrita ou imposta, por aquele que a tem, ninguém a poderá tirar e àquele que não a tem ninguém poderá dar". Diz o Codificador que "a Fé é sinal evidente de progresso". O Espiritismo, como Doutrina reencarnacionista e evolucionista, tem na sua Fé uma conseqüência desse progresso que o indivíduo vai pouco a pouco conquistando, vivenciando. O progresso vai facilitando melhores elaborações em estágios sempre renovados.

Portanto, Fé não se consegue como que "por um passe de mágica". Ela é a certeza, a segurança e a confiança já conquistadas e que num dado momento o indivíduo experiência. A Fé está relacionada a obras, assim, uns possuem mais Fé, outros menos. Para a realização das obras - e das conquistas - é necessário estudo e trabalho que resultam em experiência. O que se pode afirmar é que haverá sempre uma nova tarefa a ser executada, a nos provar, a nos testar e, assim, vamos obtendo maior firmeza na execução, ou seja, maior Fé.

Foi dito, "a fé é mãe da esperança e da caridade", o que é facilmente compreensível, porque todo aquele que a possui, conforme a Doutrina Espírita, apresenta um sintoma de que já conquistou estágios importantes e, como tal, ela já está incorporada ao seu acervo tornando-se natural a prática do amor e da caridade.

A importância do Espírita ter esse entendimento da Fé, o levará a vivenciar melhor a atual existência, o aqui e agora, e a pautar todos os seus atos dentro de uma moral e de uma ética elevada. O Espiritismo facilita a reparação dos erros numa experimentação consciente e nisto está o fortalecimento da Fé. Todo este entendimento nos conduzirá à certeza, à confiança e à esperança, proporcionando-nos encarar de frente a razão em todas as épocas da humanidade.